quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A alegoria da caverna

A alegoria da caverna continua a ser actual, o homem continua iludido, a nascer cego, inocente, agrilhoado e ignorante. O Homem continua a acreditar no óbvio, nas sombras, nas imagens pretensamente “reais” que são iguais para todos, continua a sentir-se bem com o seu escasso e falso saber. Quando alguém com um novo saber põe em causa o nosso, agimos como os prisioneiros, de forma rude, atrevida e ignorante.
Os velhos saberes dão-nos segurança, enquanto o novo saber exige trabalho. Para sair da caverna em que todos nascemos, precisamos de termos o gosto pelo saber, a capacidade para nos espantarmos e estarmos aptos para aprender e para caminhar em busca do saber ilimitado.
O caminho é íngreme, rude, cheio de obstáculos, doloroso, tem de ser feito lentamente, progressivamente, e ao longo deste caminho vamos aprendendo valores como a beleza, a justiça e virtude a verdade, que nos ajudam a alcançar o BEM. A aprendizagem é rigorosa e sempre renovada, pois o nosso pensamento está sempre a mudar. O caminho de aprendizagem só tem um sentido, uma vez percorrido é impossível regressar ao ponto de partida: a inconsciência da nossa ignorância.
Quando saímos da caverna percebemos que o Sol é a razão, e que sem ele viveríamos na escuridão do desconhecimento, compreendemos que as imagens, as ideias dominantes e os bens materiais que nos rodeiam são sombras e pensamentos que além de irreais e irrelevantes, só nos transmitiam uma falsa sensação de conforto e segurança.
Ao caminharmos em busca de um saber que nunca nos sacia totalmente, vemos o quanto a nossa sociedade está enganada, iludida, protegida por pensamentos, comportamentos duplicados e falsos, pensamentos que impedindo o espanto, nos levam à imitação irreflectida dos outros, construindo assim uma sociedade em que nos tornamos ovelhas que seguem um qualquer “mestre”, ovelhas que quando sozinhas e face a algo inovador, não sabem como pensar ou agir. Na sociedade cada um deve tentar criar a sua própria visão do mundo, na certeza de que nenhuma deles é completamente “real” e por isso, devemos continuar a fazer o esforço para “ver melhor”.
Mas a nossa sociedade tem como lema: “Eu sou mais se tiver mais”. No nosso dia-a-dia somos bombardeados com doses massivas de publicidade, que nos ilude e nos leva a um consumo disparatado e desnecessário. O homem tenta compensar a falta de tempo para pensar, para conviver em sociedade, a falta de inteligência para bem viver, comprando toda a espécie de bens. A sociedade não parece interessar-se particularmente pela capacidade de pensar e agir, pela capacidade de aprendizagem ou pela inteligência, mas sim pela quantidade e tamanho de bens que cada pessoa tem ou pode ter.
Como bem referia o Dalai Lama, o homem passa dois terços da sua vida a estragar a sua saúde para ganhar dinheiro, e um terço da sua vida a gastar o dinheiro que ganhou para recuperar a saúde que perdeu. É absurdo que as pessoas pensem que para se “ser alguém”, se tenha a ingenuidade de que vivemos sempre, com um tipo de vida que nos leva a arranjar doenças, e que nos faz arrepender quando reparamos que é tarde demais, já só querendo prolongar o tempo de vida e recuperar o tempo perdido. Nós somos aquilo que pensamos e fazemos, não aquilo que vestimos e possuímos.

Na Alegoria da Caverna e no filme “The Truman Show” os protagonistas, os prisioneiros, vivem iludidos com uma vida/realidade que lhes foi criada, têm uma atitude baseada na ignorância, e quando começam a perceber que existe um caminho que os leva à luz da razão, tentam percorrê-lo, apesar das dificuldades e obstáculos que os põem sempre à prova.
Truman, depois de muito olhar à sua volta, acaba por reparar que o seu mundo é demasiado controlado, rotineiro, quando alguma coisa sai da rotina, o seu mundo, programado ao pormenor, é imediatamente “reparado”. Truman, vai descobrindo à sua volta o mundo das “sombras” existentes e programadas por um “mestre”. Truman apercebe-se de que a sua vida não é “sua”, que ele não depende das suas ideias, princípios e pensamentos, o que o leva a iniciar a sua viagem pessoal de procura da liberdade e da razão. Durante o caminho é confrontado com várias perplexidades, pois “Truman nunca viveu, não tem pensamentos, não sabe como é a vida”, mas mesmo assim, tem coragem para prosseguir na busca da verdadeira “realidade”.
Truman, tal como os prisioneiros da Alegoria da Caverna, representam a atitude do aprendiz de filósofo, que vive no mundo de sombras e que aos poucos vai ganhando capacidade de se espantar e de procurar respostas para as perguntas que faz a si mesmo, sendo por isso obrigado a tomar uma decisão: “Caminhar em busca do saber – mesmo sem a compreensão da sociedade a que pertencia - ou ser derrotado pela submissão ao velho e rotineiro saber”.
A meu ver o “The Truman Show” é uma excelente representação do nosso mundo real. Todos nós somos o Truman, aceitamos ter a nossa vida controlada, não só por um “mestre”, mas por vários, os nossos pais, os políticos, os jornalistas, os nossos amigos.
O Homem deve que ter noção do que é, a consciência do mundo que o rodeia. Sim, eu também sou “Truman”, e por isso não quero ser mais uma “ovelha” numa sociedade de “ovelhas”, e por isso me disponho abdicar do enganador conforto e segurança da rotina e ganhar capacidade para me espantar e a coragem para iniciar o sempre difícil caminho de busca do saber e da aprendizagem. Proponho-me continuar a mudar e melhorar o meu conhecimento e candidatar-me aos ensinamentos da escola de Platão.

Ana Rita Monteiro – 10º6

terça-feira, 17 de novembro de 2009

PROPOSTA DE REFLEXÃO

SOBRE A ALEGORIA DA CAVERNA E “THE TRUMAN SHOW”


#O que pode significar, nos dias de hoje, a caverna? E o que poderá ser necessário para sair dela? É possível afirmar que a nossa sociedade, também pode ser entendida como produtora de sombras? as imagens publicitárias, as ideias dominantes, os bens materiais que nos são apresentados como “indispensáveis verdadeiros", sê-lo-ão realmente? Será que a partir da ideia de Platão - que defende a necessidade de deixarmos a aparência do mundo sensível - se pode subentender também a possibilidade de uma crítica ao mundo actual, para o qual o que parece importar é possuir mais ou consumir mais? Pode estabelecer-se um paralelo entre a Alegoria da Caverna e o filme “The Truman Show” de Peter ? E estando no lugar de Truman, como teria agido em circunstâncias idênticas?

RESPOSTAS
A Alegoria da Caverna, pode, nos dias de hoje, ser transposta como modelo de interpretação da nossa sociedade. Pode significar aquilo que nos rodeia, aquilo que vemos, tocamos… ou seja, o marketing, a atitude do consumidor consumista, em suma, pode retratar a nossa relação com o consumismo. Através destas duas ilusões, vamos ficando cada vez mais perdidos no mundo sensível, num Mundo cheio de grilhões e sombras, prisioneiros de nós próprios, porque afinal de contas, nós somos a sociedade. Cada vez mais distantes do Conhecimento, e mais distantes da racionalidade, da inteligibilidade, metemo-nos cada vez mais, num buraco de onde dificilmente sairemos, se assim continuarmos. Depende apenas de nós mudar o nosso pensamento e mudar também a nossa atitude perante a Vida e as questões que nos vão aparecendo. Com auxílio ou não, temos que ser capazes.
Para sairmos desta Caverna, precisaríamos de vislumbrar a luz do Sol para nos apercebermos do quão presos, do quão agrilhoados estávamos. É, contudo, um processo doloroso e lento. Esse novo mundo só está ao nosso alcance se estivermos prontos e aceitar uma realidade diferente, um mundo diferente, vivências distintas. Claro está que, mentalmente, temos que estar preparados para tudo, para o positivo e o negativo, o yin e o yang. Prontos, também, para deixarmos de ter a presunção de que aquilo que nos rodeia, envolve, é inequivocamente real. Não! Por isso, o abandono do Mundo sensível para o alcance da realidade, esse sim, é o desafio mais difícil, aquele que nos põe à prova enquanto seres racionais, o que exige a racionalidade que devemos atingir.
Preocupante é a quantidade de sombras que a nossa sociedade produz, nós somos aliás, essas sombras mais que reproduzidas na utopia de uma inconsciente imperfeição. Somos como que marionetas controladas pela realidade, confundindo-nos com ela própria. Mas não, ela é tão produtora de sombras que produz ilusões até mais não. Afinal, saber que já sei tudo, quando há uma infinidade de coisas a saber e não ter consciência da ignorância, é uma ilusão. Mas há que acreditar que existe outra realidade, como já referi. A de enfrentar o Mundo com frontalidade, até porque temos uma motivação: assim que atingirmos o inteligível, não voltamos mais ao Mundo sensível. No entanto, o paradoxo mantém-se: como podemos nós mudar de postura, de mentalidade, se continuamos a ser comandados e programados como ilusões, como sombras? Muito sinceramente, não sei se tenho resposta inteiramente satisfatória para esta questão. Decerto que a resposta se constituirá como pergunta entre tantas outras, mas na minha ignorância não encontro ainda uma resposta que faça sentido.
É minha convicção que nem tudo o que é racional seja irreal. Porque se assim fosse, a filosofia não viria dar sentido às coisas. Nem tudo o que vemos é irreal, só assim há bom senso. Ainda que esta questão posta pela filosofia abra novas portas, novos sub-mundos filosóficos, novos princípios de escolha, há que estabelecer um equilíbrio entre a realidade e a ilusão. Tem que haver e há. Podemos não lhe tocar, ou seja, pode ser abstracto, mas desde que saibamos e tenhamos a certeza de que realmente existe (ex: sentimentos) , mesmo pertencendo ao Mundo sensível, sabemos que não são ilusão, já que , por mais que avancemos no doloroso processo de aprendizagem, não perdemos este “objecto abstracto”, o que só vem fundamentar o equilíbrio entre o certo e o errado, a ilusão e a realidade.
Pois eu vou aprendendo, vou crescendo, mas não posso deixar completamente tudo para trás, daí a realidade das imagens projectadas na parede. Apesar de nós sabermos que era uma ilusão pura e dura, para os presos, não era. Nada mais era se não a realidade deles, aquilo com que eles se habituaram a lidar e a viver. Mais um paradoxo… Como pode uma coisa irreal ser real? Bom, penso que será pelo hábito, por nos sentirmos confortáveis nas nossas concepções, dão-nos segurança. Todavia, não evoluiremos, não tomaremos consciência da ignorância que tínhamos. As imagens, os bens materiais, os ideais, não são constantemente dominantes, quem o é, é a ilusão.Somos levados ao consumismo através das sensações. No acto de consumir, mais do que adquirir e consumir algo que nos iluda, estamos a ser consumidos pelo consumo, consumidos no acto de consumir. Se, para alguns classificamos tal acto como uma extravagância, é porque presumimos só o fazer de vez em quando. Mas não… Há, constantemente, pessoas que, de tão consumidas pelo consumo, não conseguem parar de o fazer. Para além disso, temos a ajudar o marketing e a publicidade, palavras que em si mesmas definem “ilusão”. Com estas potentes armas sempre prontas a disparar, ficamos ainda mais marionetas do consumo, passando ele a controlar a nossa vontade, e o nosso desejo de consumir. Penso que é da Natureza Humana deixar-nos levar pelas sensações, mas creio que, quando atingirmos o “belo” de Platão, saberemos agir com dignidade.
Incondicionalmente, a principal semelhança entre o filme “The Truman Show”e a Alegoria da Caverna, é a vivência desta ilusão. Enquanto que no filme, toda a história, todos os acontecimentos se centram numa só pessoa, alvo de um esquema maquiavélico, na alegoria da Caverna temos um conjunto de prisioneiros envoltos na mesma ilusão, a de tomar o mundo das sombras, da aparência, pela realidade. No filme de Peter Weir, o artifício é dono de tudo, apodera-se de tudo, encobrindo por completo a realidade. Truman, personagem principal, está programado para não sair da ilha em que sempre viveu, e que, por sinal, é um estúdio de televisão. Mas apesar das escolhas serem dele, todas elas são “pensadas”, para que a série não acabe. É notável como Truman se adapta à sua vida pacata, aparentemente perfeita. Contudo, o desejo de Truman sair daquela ilha é tanto, que acaba por fazê-lo, da melhor porque mais inesperada forma. Para o conseguir, ou seja, para passar da ilusão para a realidade, não teve qualquer auxílio.
Foi através de muitas perguntas, de muitos “porquês?”, que foi conseguindo avançar e vislumbrar um feixe de luz, do conhecimento real. Recordo também os cartazes contraditórios, como os da agência de viagens, que apresenta o paradoxal poster de um avião em risco de se despenhar, e a advertência, “poderia acontecer-lhe a si”. Afinal não é o principal objectivo de uma empresa deste ramo, vender viagens? Claro, mas como não queriam que o Truman deixasse Seahaven, assumem a contradição da situação só para o manterem na sua dourada caverna. O processo de libertação foi doloroso, angustiante, quase parecia conduzi-lo à loucura, mas conseguiu, abandonou tenazmente o mundo sensível e atingiu o inteligível como diria Platão, tendo como motivação a busca do amor de Sylvia, mas também a busca pelo mundo desconhecido, sua obsessão desde a infância.Na Alegoria da Caverna, Platão tenta mostrar-nos a ilusão escondida nas pessoas, como acontecia no “The Truman Show” . Assim que os prisioneiros se começaram a erguer, lentamente, a partir os grilhões, a mexer o pescoço, a andar, começaram a ter a noção cada vez mais crescente, do quão irreal era sua vida e do quão ignorantes eram afinal. O mesmo acontece com Truman, depois de ter percebido em que “realidade”estava inserido, começou a ter consciência das coisas, a ter coragem para enfrentá-las e partiu…
Saber se eu, nas mesmas condições, teria feito o mesmo que Truman? Sendo frontal e directo, se as circunstâncias assim o permitissem, diria, muito sinceramente, que sim. E porquê? Porque sou uma pessoa que não gosta de viver iludido, que gosta de ver os seus anseios esclarecidos, e já me teria questionado sobre o que se passava. E não digo isto por ter visto o filme, digo-o porque é assim que sou, porque tento a cada dia ser melhor, tendo em conta aquilo que me rodeia. No mundo em que o Truman vivia, eu não conseguiria evoluir, e sendo assim, só alcançando a verdadeira realidade é que começaria o processo de mudança. Mas sou franco, se não tivesse tido oportunidades para me libertar do mundo sensível, não teria chegado ao final, ou seja, apesar de não ser uma pessoa que desista, a angústia e o desassossego seriam tantos que se apoderariam de mim, não permitindo que tomasse consciência dos meus actos.
Muitos “Trumans” iremos conhecer nós ao longo da nossa caminhada, em circunstâncias e locais diferentes, mas com o mesmo pensamento e atitude: a de querer visionar o outro lado do Mundo, de abandonar a ilusão em que vivo… Apesar de todo este desejo, será com a filosofia que poderemos procurar as respostas, que podemos ser ajudados no que precisamos e, suscitando mais questões e novas respostas, numa incessante busca do Conhecimento.
Luís Filipe Almeida - 10º5

PENSAR O CINEMA - UM PERCURSO DE INICIAÇÃO À CINEFILIA

Roteiro de Sensibilização :

*A dicotomia original - IRMÃOS LUMIÉRE, G. MELIÉS

*Arquétipos do Mudo - D.W. GRIFFITH, C. CHAPLIN, B. KEATON

*O Expressionismo Alemão - F. MURNAU, R. WIENE e F. LANG

*O “Evil Touch” do “Citizen” O. WELLES

*A Arte na Revolução - O “Couraçado” S. EISENSTEIN

*As cores e Odores do “FILM- NOIR”

*“O meu nome é JOHN FORD e faço WESTERNS”

*O NEO - REALISMO Italiano

*Os “Cahiers” e a “NOUVELLE VAGUE” »» Truffaut, Godard, Chabrol

*“O homem que sabia demais”- o“peso”de A. HITCHCOCK

*“Este homem é do Norte” - a “persona” I. BERGMAN

*Um olhar Japonês - O Samurai A. KUROSAWA

*O (seu) caso Português - Manoel de OLIVEIRA

*"O Cinema Contemporâneo - Alguns Autores”:

- DAVID LYNCH e DAVID CRONENBERG

- MARTIN SCORSESE e JOHN CARPENTER

- JOEL e ETHAN COEN e TERRENCE MALICK

- DAVID FINCHER e QUENTIN TARANTINO

… UM FALCÃO NO OLHAR…!

CineFALCO
Sessões à 4ª feira das 14.30h às 17h na Sala MultiUsos

«Interrogar o cinema, encará-lo na sua totalidade humana, é o que ambicionamos com este nosso trabalho.» ( E.MORIN,in "O cinema ou o homem imaginário")

Falar da nossa relação com o cinema é problematizar a nossa condição de espectadores, ou seja, o modo como o nosso olhar é transformado, porque condicionado pelas particulares condições de produção e recepção do “objecto cinematográfico”, o filme.
Desde cedo considerado como ”fábrica de imagens e sonhos”, o cinema transmite mais do que qualquer arte, a “impressão da realidade”, e esta surge-nos tanto mais forte quanto mais nos esquecermos de que o cinema é um modo particular de olhar, e de fixar este olhar.
O CineFALCO propõe um roteiro de sensibilização para uma “introdução à cinefilia”, isto é, para uma crítica do olhar no sentido em que E.P.Coelho nos diz que, de uma crítica de cinema devemos esperar, "que o crítico nos leve a ver num filme um certo número de aspectos que nos tinham passado despercebidos, e nos obrigue a repensar a nossa própria experiência de espectador;que seja capaz de nos situar o filme no espaço contemporâneo da história, da política, da arte, o pensamento; que os críticos afirmem as suas paixões e participem teoricamente no próprio processo de criação artística, em suma, que pensem e nos ajudem a pensar."
Do que se fala pois, quando se fala de cinema, de que cinema se fala, e que cinema fica por falar, eis o núcleo deste projecto. Se, como alertava Berkeley, toda a gente tem opiniões, mas poucos são os que pensam, o nosso objectivo é o de entender e dar mais amplo sentido à máxima de Gilles Deleuze, o cinema é o pensamento em movimento.

Cineclube da Esc. Sec. José Falcão


Objectivos

Perspectivar um olhar panorâmico sobre os primeiros cem anos da história do cinema.
Caracterizar os géneros cinematográficos mais importantes durante cada período
Conhecer as figuras e as obras mais representativas.
Enquadrar cada um dos momentos, no âmbito dos acontecimentos políticos, sociais e culturais, mais marcantes de cada período cinematográfico.

Metodologia a Utilizar
Sessões com uma duração média de duas horas e meia onde se procederá:

· À introdução e caracterização de cada género cinematográfico/filme/realizador no respectivo período
· À distribuição de material de apoio informativo e crítico para cada sessão
· À projecção em suporte DVD das obras seleccionadas
· Ao comentário/debate final sobre os conteúdos apresentados em cada sessão
«Entramos nas trevas de uma gruta artificial... até que sobre a tela branca uma música dissolva as sombras. Saímos e falamos das qualidades e dos defeitos dum filme. Estranha evidência do quotidiano. Reside nesta evidência, o primeiro mistério do cinema. O que é de espantar é que isso não nos espante.
É uma evidência que “nos entra pelos olhos dentro.” É uma evidência que nos cega.» (E.Morin)

«Pelos meus 17/18 anos, comecei a ler a revista Vértice. Nessas páginas encontrei os meus primeiros mestres, de mário dionísio a óscar lopes. Mas um dia deparei com um longo texto sobre o filme “Um Lugar ao Sol” de George Stevens, que me tinha levado às nuvens. Se o filme merecia tanto espaço ao crítico, não era por causa de Stevens ou de Montgomery Clift, Elizabeth Taylor ou Shelley Winters, que encarnavam o trio de protagonistas. Iluminando o sombrio quarto em que o jovem clift sonhava com um “lugar ao sol”, viam-se néons publicitando o nome Vickers, mostrando que era esse o nome (e os milhões a ele associáveis) muito mais do que a rapariga que o usava (Elizabeth Taylor) quem motivava a paixão do rapaz. Quando este, pela primeira vez, pensara em matar a sua pobre colega como única forma de chegar a E.Taylor, ouvia-se na banda sonora o latir dos cães. E, logo no início do filme, quando M.Clift olhava para o gigantesco poster que anunciava fatos de banho da firma do tio, ouvia-se a sirene de um carro da polícia, assim se ligando o desejo à transgressão. Ora eu tinha visto o filme duas ou três vezes e não tinha visto nada disso. Pensei que o crítico delirava e voltei ao Monumental para tirar teimas. Tinha ele toda a razão, não tinha eu nenhuma. Havia mesmo o anúncio, havia mesmo os cães, havia mesmo o carro da polícia. Na minha vida foi uma revolução. Cinco anos, vira filmes e não vira nada. Tudo estava por descobrir. O mundo que eu julgara de apreensão imediata era um mundo cifrado e, se queria aceder aos seus segredos, tinha de tratar, com urgência, da iniciação. Aos críticos, devo essa difícil mas magnífica caminhada que me fez descobrir que de todas as coisas boas da vida é preciso aprender a gostar. Aprender p/ gostar. e que me tenham confirmado o que pressentia, muito antes, noutras dimensões: que é preciso que exista”o gosto” p/ haver ”o conhecimento” e que se começa sempre por gostar do que não se percebe até se perceber que se gostava porque já se percebia.» (Bénard da Costa)